Provérbio chinês

"O professor abre a porta, mas quem tem de entrar é o aluno". Provérbio chinês

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O preço da ignorância

Neste domingo, 20 de novembro, em reportagem do Jornal A Crítica em seu caderno A3 foi disposta reportagem sobre enquete realizada pelo próprio jornal, no qual se constatou que a população local não conhece as atribuições de um vereador. Portanto, os senhores vereadores da Câmara Municipal de Manaus devem se sentir muito confortáveis em seus ambientes climatizados, sem ter de dar satisfação a uma população apática quanto a importância de seu voto.
O eleitor manauara vota nos candidatos sem ter ciência das responsabilidades a serem desempenhadas por essas mulheres e homens públicos, seus representantes no âmbito municipal. A maioria dos eleitores sequer sabe a qual partido seu candidato pertence, além de, por vezes, quando não sabe pra que serve um vereador, confundi quais as reais atribuições do candidato eleito para desempenhar sua função como parlamentar local, que é a de legislar, por isso mesmo compõe o Poder Legislativo, criando leis que favoreça o bem estar da população, bem como fiscalizar o Poder Executivo, ou seja, as ações do prefeito.
Esse desconhecimento gera todo o tipo de tráfico de influência, desvios de verbas públicas e acordos políticos que passam longe das prioridades básicas da população, que parece não se importar com as dificuldades do dia a dia não por “ser assim mesmo”, porque “Deus é quem sabe”, e tantas outras formas de, quem sabe seja para aplacar a consciência de que a ausência de qualidade em sua vida, está na sua forma de não exercer sua cidadania de fato, principalmente no momento das eleições, no momento de saber em quem vai depositar tanta responsabilidade para exercer o papel de seu representante.
Segundo o professor da Faculdade de Estudos Sociais (FES) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Afrânio Soares, tal desinformação ocorre também para com os deputados. Conclui-se então, que no três níveis da representatividade, vereadores, deputados estaduais/ federais e senadores, o desconhecimento da população quanto as responsabilidades destes é praticamente nulo.
Não à toa, o escritor amazonense Márcio Souza, expõe em seu artigo dominical sob o título “A semana da vergonha”, no mesmo jornal, algumas situações pelas quais o estado do Amazonas tem vivenciado, vergonhosamente, e não por falta de recursos financeiros, mas pela ausência de qualidade de sua classe política, principalmente.
Eis o artigo de Márcio Souza na íntegra. Contudo, resolveu-se desmembrá-lo com o intuito de facilitar a leitura.

A semana da vergonha
“Esta foi a semana da vergonha para o Amazonas, levamos a medalha de ouro da mortalidade infantil e a totalidade de nossas instituições universitárias ficaram abaixo da crítica, sem falar na façanha da Amazonas Energia, que montou uma máquina do tempo pemedebista e nos proporcionou uma viagem ao final do século XIX.
O Amazonas, considerado pelas estatísticas econômicas a quinta econômica do país, com lucros bilhardários (sic) aos “empresários” da Zona Franca, nos ofereceu o degradante espetáculo da mortalidade infantil acima de muitos estados mais pobres e menos afortunados. Mais pobres por não terem os privilégios da renúncia fiscal do Polo Industrial, e menos privilegiados, por não cultivarem a classe política de rapina que aqui temos.
Na mesma semana somos brindados pela exposição de nosso vergonhoso sistema educacional, numa sequência que parece ter seu começo no enorme apagão que sofremos na fatídica sexta feira do dia 11 de novembro. Comecemos pelo apagão. Ele é um evento que simboliza a nossa situação desgraçada.
Desde o final do século XIX a eletricidade é constituinte fundamental do conceito de civilização. No mundo moderno, não há civilização sem eletricidade. Nesse sentido, temos aqui uma civilização meia boca, um arremedo, um escárnio, uma afronta a todos nós. Quem conhece a nossa história sabe que fomos uma das primeiras cidades da América do Sul a ter eletricidade. Era uma concessão pública explorada pelos ingleses. A cidade, em 1910, tinha 50 mil habitantes. Até o final dos anos 40m do século XX, enquanto os ingleses forneceram energia, não há notícia de apagões, ou desligamentos provocados por chuva forte, ou qualquer chuvinha boba. E aqui sempre choveu muito. Nos anos 50, com a decadência e o abandono da Amazônia, ficamos sem eletricidade e regredimos ao candeeiro. Mas nos anos 60 o governador Gilberto Mestrinho inaugurou as Centrais Elétrica de Manaus, e iluminou mais uma vez a cidade. Faça-se justiça: até o final do século XX, tivemos poucos incidentes relacionados com a oferta de energia. O que terá acontecido? A tecnologia atual de geração de energia tem medo de temporal?
Há duas explicações para este irritante apaga e acende da Amazonas Energia. Primeiro, o estado do Amazonas é um zero a esquerda nas prioridades do governo federal. Somos tratados com (sic) os Tzares tratavam a Sibéria. E em segundo lugar, no passado não havia o conceito de governabilidade, que entende que o estado existe para dividir os ministérios com a “base aliada” para que usem os recursos públicos para engordar o Caixa Dois de seus fundos eleitorais. Ou seja, os ingleses não eram filiados ao PMDB e, por isso, não faltava luz em Manaus. O apagão não teve explicação técnica, pois a razão é política, mas foi profundamente simbólico. É o apagão republicano que hoje vivemos. O apagão no sistema de saúde está promovendo uma eugenia perversa matando no berço, às vezes no útero, os filhos dos pobres. O apagão educacional levou as instituições de ensino superior a merecer as piores notas pelo Ministério da Educação. Das 11 condenadas com notas 2, quase todas são geridas por seitas cristãs operadas como máfias religiosas, que não querem educar mas lavar cérebros da nossa juventude. Não é por outro motivo que temos hoje uma juventude beirando à ignorância, que deixa o ensino médio sem conseguir ler e escrever. Uma juventude que na universidade consegue a graduação sem ter lido um livro sequer. Advogados que não conseguem redigir uma frase sem violentar o vernáculo. Médicos que não conseguem interpretar uma radiografia. Pobres jovens amazonenses. São esses mesmos que recebem como estimulo cultural programas do quilate da recente “Virada Cultural”, que melhor seria se chamar “Derrubada Cultural”, pelos milhões gastos na deliberada incitação a má educação e à barbárie.”




Um comentário:

  1. Hoje o tema abordado em aula de aula para alunos do quarto ano de uma escola municipal onde somos professora, foi exatamente sobre as atribuições dos poderes Executivo, Judiciário e Legislativo. Compartilhar com alunos o tema em discussão, corrobora para os mesmos tornem-se cidadãos conscientes no sentido de não só aprenderem os conceitos referentes a esses poderes, mas também as ações que precisam ser cobradas por parte daqueles que foram eleitos para tornarem possível uma vida mais digna para os cidadãos.Saber o que cada um pensa e sabe sobre o assunto foi relevante para um despertar de uma postura verdadeiramente cidadã. Deixamos com os mesmos a responsabilidade de pesquisar sobre o tema em pauta, como também entrevistar seus pais, parentes e amigos o que eles sabem sobre as atribuições desses políticos.

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