Provérbio chinês

"O professor abre a porta, mas quem tem de entrar é o aluno". Provérbio chinês

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A mãe dos deuses

            Cidade acolhedora que recebe a todos de braços abertos, Manaus é uma típica cidade de oportunidades. Entretanto, padece, tal qual outras metrópoles brasileiras, de problemas seríssimos no que diz respeito a sua infra-estrutura, serviços essenciais básicos que a autoridades locais não se interessam em resolvê-los. O deficitário sistema de transportes é apenas um exemplo típico da falta de respeito com que os políticos locais tratam a questão. Enquanto isso, o povo padece dia-a-dia nos ônibus lotados, muito dos quais, sem a menor condição de estarem na ativa.

            Em artigo no jornal A Crítica de 10 de abril deste ano, o escritor Márcio Souza, afirmou estar sendo injusto com o continente africano por tê-lo utilizado, várias vezes como referência de mau exemplo ao comparar a capital manauara a esse continente. Márcio Souza chegou a dizer que os serviços oferecidos em Manaus, tinham um padrão africano. Ou seja, estes serviços aos quais o escritor se refere eram tão precários e ruins que tinham um padrão africano de baixa qualidade. Contudo, ao analisar os dados de índice de desenvolvimento humano daquele continente, o intelectual amazonense dizia que as cidades africanas é que deveriam evitar cair no padrão manaura. Isso porque os serviços oferecidos aos concidadãos de Nelson Mandela são superiores aos oferecidos em Manaus. Todos sabem dos graves problemas que afetam o continente africano. Entretanto, apesar disso, o poder público de muitas cidades africanas oferece serviços de qualidade a sua população. Não à toa o escritor citado afirma que: “Setor por setor nós apanhamos feio em matéria de civilização, educação e serviços oferecidos pelo poder público.

                E por que Manaus tem um baixo padrão de qualidade? Bem, essa é uma questão deveras complexa. Muitos afirmarão que é normal termos os terminais de ônibus imundos, sem oferecer o mínimo de conforto à população, termos as ruas da capital esburacadas com esgoto a céu aberto, dejetos de todos os tipos, com inúmeros vendedores ambulantes com seus mais variados artigos, desde agulhas, verduras a produtos tecnológicos. Uma cidade em completa desarmonia, com um trânsito cada vez mais caótico, banhada por um imenso rio, as voltas com problemas de abastecimento de água diariamente. Tudo isso, é considerado normal por muitos.

Outros afirmarão, contudo, que se trata de um problema de educação. Ao que tudo indica, esta afirmação parece estar mais condizente com a realidade local. Porque um povo quando tem educação, consciência de seus direitos e deveres enquanto cidadão, não só reivindica, mas, sobretudo, cobra de seus legisladores um posicionamento ativo quanto as questões relativas a sua cidade, ao espaço onde mora, trabalha, estuda, enfim, a sua vida como um todo.

Segundo fontes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2008, seis capitais concentravam 25% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, e, Manaus figurava entre essas capitais com 1,3%, ao lado de São Paulo (11,8%), Rio de Janeiro (5,1%), Brasília (3,9%), Belo Horizonte (1,4%) e Curitiba (1,4%). Observe que Manaus figura ao lado de cidades, que, historicamente, sempre estiveram a frente do desenvolvimento do país, com exceção de Brasília, até mesmo por conta de todo o investimento realizado nestas capitais pelo governo federal ao longo de décadas. Observe ainda, que, Manaus é a única capital do Norte/Nordeste que figura entre as demais do centro sul do país. Isso é revelador do quanto os cofres públicos desta capital arrecada, do quanto o manauara é trabalhador.

Em matéria comemorativa ao aniversário de Manaus, no dia 18 do mês corrente, o Jornal Em Tempo da TV de mesmo nome, afirmou que Manaus é a quarta capital mais rica com país!

Em sendo assim, onde está todo esse dinheiro? Bem, no melhoramento dos serviços públicos oferecidos a população, por certo, ele não está sendo utilizado. Ou você tem alguma dúvida quanto a isso? Basta você, caro leitor, que se deu ao trabalho de ler este artigo, olhar a sua volta. Tire suas conclusões.

Manaus completa 342 anos. A data por certo deve ser comemorada, mas acima de tudo, deve ser também de reflexão, de questionamentos e de tomada de posição! 2012 é ano de eleição! Não entregue seu voto a pessoas desqualificadas de senso público. Não entregue seu voto por apadrinhamento, por simpatia ou até mesmo por considerar determinado candidato “legal”. Manaus, você, nós, merecemos muito mais, porque produzimos muito mais e temos o direito de sermos melhor atendidos pelo poder público.

Políticos que não lutam por essa cidade na Câmara dos Vereadores, que não propõem projetos que nos beneficiem enquanto população, que não fiscalizam o Executivo e que não lutam pela diminuição de seus privilégios, não merecem o nosso voto.  

Na língua nativa da extinta tribo dos Manaós, Manaus significa mãe dos deuses, portanto, esta capital deve ser a mãe de todos os seus habitantes, não somente dos “deuses” que se assentam nos palácios oficiais da cidade e majoritariamente se servem dos bens públicos. Os filhos dessa cidade e todos os seus habitantes devem colher os bens da sua produção e não padecer pelo mau uso da verba pública, dos desvios, da corrupção de seus dirigentes e de parte da sua população.

Manaus merece mais!

Parabéns Manaus!



               







               

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